Vidas, palavras, ideias e coisas - de dias e de noites - em ambiente (geralmente) citadino

quarta-feira, abril 25

Para Não Serem Sempre Cravos



Lembro-me bem do "ano zero". Lembro-me das gravações que o meu pai fazia com a família, em que falava entusiasmado, no dia 25 de Abril de 1974, no futuro risonho que me esperava, porque me seria finalmente possível crescer em liberdade.
Lembro-me de dizer frases parvas e soltas, com os meus seis anos, porque o meu pai queria que ficassem gravadas, para sempre, as minhas palavras ditas no Dia da Liberdade.
Lembro-me de o ver chorar, ao dizer que eu e todos os rapazes da minha idade já não seriam obrigados a perder anos de vida - ou a própria vida - em África.
Lembro-me também que menos de um ano depois, foram os meus pais quem precisou de liderar um movimento de resistência contra anarquistas e comunistas ortodoxos que queriam queimar e deitar abaixo o Colégio Marista de Carcavelos.
Lembro-me, pois, que bastou um ano para perceber, em tenra idade, que isto da Liberdade é um bem sem preço, mas também uma coisa muito complicada. Nos tempos idos, que não deixam saudade, lutava-se contra a sua falta. Hoje, luta-se contra os muitos abusos cometidos em seu nome.

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"Remember, remember, the fifth of November..."