Flop

Tão fabulosa e memorável foi a vitória de António Costa com 29,54% nas eleições intercalares para a CML (resultado que objectivamente se traduz na legitimidade dada por mais-ou-menos 8% dos votantes inscritos na capital) que foi preciso o PS ir buscar velhinhos a lares de idosos, pelo país fora (Teixoso, Cabeceiras de Basto, Alandroal, Mafra...), em autocarros fretados, a fim de engrossar a massa de "população festejadeira", em aclamação a Sócrates e ao seu ex-vice. «Nem sabíamos que vínhamos para aqui, disseram-nos que vinhamos para uma festa», contavam às televisões os velhinhos "recrutados", sob o sorriso seráfico e irónico de repórteres, pivots e comentadores. A mim - e a outras pessoas com ainda mais idade para ter juízo - cheirou a tempos das multidões "espontaneamente orquestradas", nos idos de Oliveira Salazar e Marcelo Caetano. Para a população de Lisboa, deve ter sido coisa sem cheiro, a julgar pela abstenção de 62,61%. Nos próximos dois anos, um Presidente do PS que cantou vitória antes de tempo, irá governar com seis magros mandatos, ao sabor de alianças casuísticas ou uma coligação amoral, enfrentando uma Assembleia Municipal de maioria de bloqueio PSD.

Toda esta situação eleitoral teria o estatuto merecido de anedota do dia, não fosse a hilariante sugestão de José Saramago, em futurologia, ao Diário de Notícias. O escritor acha que «acabaremos por integrar-nos em Espanha» e até gosta da ideia, acrescentando que o país vizinho deveria, nesse caso, mudar o seu nome para Iberia, de modo a não ferir as susceptibilidades dos portugueses opositores da "união". A idade é, de facto, uma coisa lixada...
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