Exma. Senhora Dra. Isabel Pires de Lima,
Sabendo que por aí anda toda a gente muito ocupada (ou distraída, ou com a agenda do Outlook inoperacional), achei por bem chamar desde já a atenção de V. Exa. para algumas efemérides de centenários de gente cá do burgo, que se assinalam para o ano.
Assim, se por algum acaso ainda estiver à frente do Ministério da Cultura, note p.f. que passam, a 16 de Abril, 100 anos sobre o nascimento do cineasta português António Lopes Ribeiro, que fez aquele filme popularucho que ninguém conhece, "O Pai Tirano". E tinha supostas afinidades com o regime de Salazar, o que é gravíssimo e motivo mais que suficiente para passar ao lado do conjunto da sua obra.
No que ao cinema diz respeito, há também a possibilidade de comemorar-se, ainda em vida do próprio, o centenário de Manoel de Oliveira, a 11 de Dezembro. Apesar do reconhecimento internacional que lhe é prestado, a sua obra é, para muitos, bastante discutível. Apesar disso, tendo em conta que é o mais velho realizador de cinema em actividade no mundo, e Portugal gosta muito de aparecer nos livros de recordes com as coisas mais absurdas e ridículas, pode ser que lhe peguem por aí, como “o velhote do cinema português no Guiness”. Ficará fantástico ao seu lado, nos "bonecos" para a televisão, especialmente se ainda estiver rijo e lúcido.
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Não se esqueça também de 13 de Junho, quando se assinala o centenário do nascimento de Maria Helena Vieira da Silva. Parece que há uma estação de metro com uns azulejos dela, ou lá o que é. Não sei se chega para ser importante. Diz que é uma referência mundial e até tem uma fundação com o nome dela e o de um senhor esquisito (era o marido, ou assim). É coisa pouca e não fica no CCB às custas do erário público, eu sei... Mas como a dita pintora tem um apelido igual ao do seu colega, o Ministro do Trabalho e da Solidariedade Social, pode ser que se safe e seja lembrada por V. Exas.
E a 1 de Fevereiro, claro, passam 100 anos sobre o Regicídio. Uma questão, esta, mais de cultura geral que de ministérios e culturas. Embora seja verdade que D. Carlos I, então caído em desgraça, deve hoje estar a rebolar-se, além-túmulo, com o estado desta chafarica - e com os governantes que a mesma vem tendo, regra geral, ao longo destes últimos 100 anos. Resta saber se chora ou se ri: a mesma dúvida que me assola.
Desejando-lhe um bom resto de 2007, com a agenda o mais leve possível (porque isto de trabalhar cansa imenso, oh-ó), subscrevo-me com elevada estima e consideração. A bem da Nação e do chá de limão.
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