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terça-feira, janeiro 1

Smoking / No Smoking




Uma "pequena minoria" de 20% da população portuguesa fica, a partir de hoje, legalmente conduzida à condição de pária. Com o estatuto de contribuinte especial, já que a nova Lei do Tabaco é cobarde a ponto de não prescindir do dinheiro das taxas pagas pelos fumadores, a cada maço.
Entende o legislador que o fumo prejudica gravemente a saúde, mas não deixa de lamber os beiços com o dinheiro pago em impostos por quem fuma. Na prática, os sanitaristas entendem que estão provados os malefícios do tabaco, mas não se arriscam a pura e simplesmente proibi-lo e ilegalizá-lo de vez. A isto chama-se, na minha terra, hipocrisia grosseira.
No entanto, as vantagens da nova lei para alguém como eu, um dos fumadores que não quer nem vai deixar de fumar, são óbvias: uma vida cada vez mais centrada em casa, tanto no campo do trabalho (benditos acessos internet ao escritório e bendita a posição de patrão...) como na vida social, com muito mais jantares e copos na humilde e muito privada "casa dos espelhos", onde a PIDE sanitária não entra.
A modernidade trata do resto: cada vez menos é preciso entrar em estabelecimentos de todo o tipo, desde os restaurantes aos centros comerciais, passando pelos cinemas, porque tudo se pode comprar online e mandar trazer a casa. Como em tudo na vida, é apenas uma questão de ajustar hábitos. E - claro - deixar de frequentar e gastar o nosso dinheiro em todos os sítios cujos proprietários não lutaram a tempo para continuarmos a ser acolhidos.
P.S. - É a esse título ridícula, por tardia e acobardada, a petição que algumas discotecas deitaram esta noite à circulação, tentando seduzir clientes para que assinem a favor de mudanças à legislação, permitindo aos donos de estabelecimentos de diversão nocturna escolher se querem ou não ser espaços para fumadores. A nova lei, agora em vigor, esteve meses infindos a escrutínio prévio - e houve todo o tempo para protestar contra ela e fazer por alterá-la. Assim houvesse "tomates".
a

1 comentário:

Anónimo disse...

E no meio disto tudo há logo novos "PIDES" no coração do cidadão comum, que perdem o bom senso e a noção de civismo (se alguma vez a tiveram) que se aproveitam da nova lei, e meia dúzia de horas depois desta ter entrado em vigor, dirigem-se ao empregado de um restaurante, apontando o dedo, acusatoriamente, a alguém que, inocentemente (ou não), acendeu um cigarro no dito estabelecimento.

Onde está a boa educação que nos permite, pelo menos, levantarmo-nos e dirigirmo-nos directamente à pessoa fumadora em questão, e simplesmente dizer-lhe que não se deve esquecer que a lei já não o permite fumar naquele recinto e/ou que está a incomodar os "não fumadores"?

Ver esta cena revoltou-me e não fui capaz de ficar calado, encetando logo numa conversa sobre novos regimes diatoriais e o regresso da "PIDE" [a.k.a. ASAE] e dos "bufos" [a.k.a. bufos mesmo]...

Engraçada foi a reacção das pessoas à minha volta que, ouvindo a conversa (porque esta foi mantida em tom que permitisse passar ao domínio público), fizeram comentários do género "Não sou fumador, mas quase que me apetece acender um cigarro, para ver quem é que tem uma G3 escondida debaixo do casaco!".

LOL!

Haja noção, bom senso, discrição e, sobretudo, civismo quer por parte dos fumadores, mas sobretudo dos não fumadores que, até anteontem, se sentiam reprimidos e que agora passam a achar que "podem tudo"! Felizmente não são todos...



"Remember, remember, the fifth of November..."