Três anos passam, hoje. Três anos de um país ainda mais acocorado à tristeza, à cegueira, à asfixia, ao autismo, à arrogância.
Um dia bom para contar uma história que boca idónea me fez saber: um pequeno empresário da construção civil fez trabalhos para o Estado. Trabalhos baratos mas, ainda assim, demasiado caros para poder ser suportados por uma pequena empresa.
Como (ainda) não lhe foram pagos, o homem deixou, a dado passo, de poder cumprir os compromissos de impostos e segurança social. Viu os seus bens penhorados e a empresa fechada. E vê agora a sua casa de família levada a leilão executório.
Como a "justiça" tributária é cega, a casa está a ser vendida apenas pelo preço que corresponde ao remanescente da dívida - um terço do seu valor real. Uma família honesta e trabalhadora (onde já houve até entretanto tentativas de suicídio) está, assim, a ponto de ficar na miséria e debaixo da ponte por causa de dívidas a um Estado que a tudo deu origem, ao não pagar a sua própria.
Num país onde tamanha canalhice possa ser possível e onde a "máquina" tudo tritura, a democracia é uma miragem. E não há razões para celebrar um governo que permita este (e milhares de outros) estado de coisas.
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